domingo, 25 de novembro de 2007

ORAÇÃO DA MIGALHA

Quero salientar que este blog, não obstante ser dedicado a temas jurídicos, em dadas situações, permitirei-me encartar , alguns trechos ou passagens que por ventura entenda ser interessante, sendo que poderei variar o tema, ressaltando que não estou pregando ou ministrando qualquer doutrina ou religião até porque o Estado Brasileiro é laico, e é dessa forma que as coisas devem ser vista, quando transcrever textos que possam apresentar algum cunho religioso, ficando a interpretação ao sabor de quem ler.
Estava no Bosque da Princesa, local aprazível construído no séc.XIX, no auge do café, no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, quando chegou-me, por acaso, uma mensagem em um folhetim. Achei-a bastante comovente, e por essa razão decidi transcrevê-la.[1]
Senhor!
Quando alguém estiver em oração, referindo-se à caridade, faze que este alguém me recorde, para que eu consiga igualmente ajudar em teu nome.
Quantas criaturas me fitam, indiferentes, e quantas me abandonam por lixo imprestável!...
Dizem que sou moeda insignificante, sem utilidade para ninguém; contudo, desejo transformar-me na gota de remédio para a criança doente.
Atiram-me a distância, quando surjo na forma de pedaço de pão que sobra à mesa; no entanto, aspiro a fazer ainda, a alegria dos que choram de fome. Muita gente considera que sou trapo velho para o esfregão, mas anseio agasalhar os que atravessam a noite, de pele ao vento...
Outros alegam que sou resto de prato para a calha do esgoto, posso converter-me na sopa generosa, para alimento e consolo dos que jazem sozinhos, no catre do infortúnio, refletindo na morte.
Afirmam que sou apenas migalha e, por isso, me desprezam...Talvez não saibam que, certa vez, quando quiseste falar em amor, narraste a história de uma dracma perdida e, reportando-te ao reino de Deus, tomaste uma semente de mostarda por base de teus ensinos.
Faze, Senhor, que os homens me aproveitem nas obras do bem eterno !... E, para que me compreendam a capacidade de trabalhar. Dize-lhes que, um dia, estivemos juntos, em Jerusalém, no templo de Salomão, entre a riqueza dos poderosos e as jóias faiscantes do santuário, e conta-lhes que me viste e me abençoaste, nos dedos mirrados de pobre viúva, na feição de um vintém.
MEIMEI
[1] Extraído do lívro O espírito da verdade - Edição FEB

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